domingo, maio 25, 2014

Congresso Brasileiro de Médicos Hospitalistas - 6 de Agosto - Rio de Janeiro

Entrego minha mais recente contribuição, na busca por eventos médicos mais independentes.

Ocorrerá em agosto o Safety2014, cujo responsável é Alfredo Guarischi.

Alfredo permitiu que um grupo de hospitalistas colaborasse em parte da programação científica.

Usamos de contatos internacionais para facilitar vinda de palestrantes de ponta, entre outras estratégias, que culminaram com a entrega da grade do dia 6, batizada de Congresso Brasileiro de Médicos Hospitalistas, oportunidade em que comemoraremos ainda 10 anos do movimento hospitalista no Brasil. Já promovi eventos diretamente ligado à indústria farmacêutica. Nesta ocasião estarei comemorando também uma década de diversas iniciativas onde abri mão disto. E não me arrependo.

Com absoluta separação entre a construção da programação específica e a organização/comercialização do evento, valorizo, e muito, a oportunidade que foi dada. A partir de agora, torço para que Alfredo feche os patrocínios que tanto precisa, quais sejam.

Muito particularmente, tenho definida participação anual em pelo menos dois eventos presenciais: um nacional e outro internacional. Parto disposto a pagar por eles. E procuro alternativas de educação à distância como complementação.

Alfredo deu-me a inscrição no Safety. Para viabilizar a programação do dia 6 entrei com 500 reais do próprio bolso. Considerei um valor justo para o que espero do evento. Assim como pagarei minhas despesas para ir e ficar no Rio de Janeiro. Tenho forte convicção de que os médicos podem, devem e precisam bancar suas participações nos eventos anuais. Este será meu principal evento de 2014 no Brasil - para o qual vou 100% como espectador e cheio de expectativa e entusiasmo. 

Em PASHA2010, um antigo parceiro da Campanha Alerta tentou burlar o sistema de inscrição para pagar como estudante. Se nem aqueles que em tese compreendem a importância global do que se discuti aqui aceitam pagar duzentos reais por um evento com mais de uma dúzia de palestrantes internacionais (era este o valor da inscrição no PASHA2010), imagine a grande maioria dos colegas. Cultura a ser modificada! Ou não!? O que pensam? Ou não queremos nem pensar e que fique tudo como está?

terça-feira, maio 20, 2014

Alguém questiona que os conflitos de interesse não financeiros podem ser tão ou mais poderosos?

Lembrei disto lendo O advogado do diabo, em Zero Hora de hoje, texto do médico Gilberto Schwartsmann. Resposta ao jornalista Paulo Santana, que mudou seu discurso para direção diametralmente oposta após aparente "intensivo de elogios e afagos".

Segundo o psiquiatra Flávio Gikovate, a vaidade pode ser de tal ordem danosa, que nos leva a um distanciamento dos fatos da vida real, sobretudo aqueles que não combinam com nossas expectativas. A vaidade faz-nos lutar contra a realidade, substituindo-a por versões mais desejáveis, até chegarmos à crença de que nossas ideias são a própria realidade. Tira-nos o bom senso. Torna-nos pessoas arrogantes e inconvenientes, com uma necessidade de vencer sempre. O que importa ao vaidoso é como ele próprio acha que o mundo e as pessoas deveriam ser. Seduzido por falsos elogios, o vaidoso esquece com rapidez espantosa suas mais sólidas convicções. Em Reflexões ou Sentenças e Máximas Morais, Rochefoucauld diz que “a bajulação é uma moeda falsa que só circula por causa da vaidade humana”. Nietzsche, na obra Para Além do Bem e do Mal, fala que “a nossa vaidade gostaria que o que fazemos melhor fosse considerado como aquilo que mais nos custa. Para, assim, explicar a origem de certas morais”. Achei suspeito o convite da presidente a um grupo seleto de jornalistas, dos mais renomados do país, para ir visitá-la no Palácio, com pompa e circunstância, às vésperas dos jogos da Copa do Mundo. Por que fazê-lo, agora, quando há riscos de que sua popularidade despenque e que o povo brasileiro expresse sua indignação aos olhos do mundo? Lembrei a última cena do filme O Advogado do Diabo, em que o jovem e ambicioso advogado Kevin Lomax, personagem de Keanu Reeves, cai, novamente, na armadilha do capeta, interpretado por Al Pacino. Os políticos são profundos conhecedores da alma humana. Para obter o que interessa, como o gaúcho em seu cavalo, eles sabem qual o “lado de montar” de nós, mortais. E que há sempre aliados de última hora, movidos pela força quase irresistível da vaidade.

quinta-feira, maio 08, 2014

Fazer eventos médicos sem a indústria farmacêutica é a única alternativa?

Esta pergunta me é feita por muitos colegas. Já escrevi previamente acerca de lições que eventos "independentes", por mim organizados, trouxeram-me. Leia um exemplo aqui. Não receber dinheiro da indústria não impede a presença na grade de potenciais "representantes", bem como pude aprender sobre a importância de outros conflitos que também merecem atenção.

De dentro do movimento "anti-indústria" (rótulo que não bem caracteriza minha posição pessoal, mas que acaba sintetizando o pensamento predominante), há também quem me pergunte. Entretanto, não costumam dar tempo para que eu responda. Dão eles mesmo a resposta, gritando que nunca será perfeito em parceria com eles.

Ocorre que não acredito é em mundo perfeito!

Frente a mais dúvidas do que certezas, além do que já escrevi para o CREMESP tempos atrás, em parceria com Sami El Jundi, tenho uma forte convicção:

Se eventos médicos sem a indústria farmacêutica (e de tecnologias) podem não ser a única opção, e sinceramente acho que não são, a maneira de viabilizar diferente, de forma a ser o sistema minimamente confiável, é através de muita transparência. Com as organizações médicas promotoras surpreendendo, e muito. A maneira como muitas funcionam hoje, representando até mesmo mini-ditaduras, sem eleições, sem assembléias (ao menos além de existirem em atas e documentos), sem real alternância de poder, torna, lamentavelmente, o radicalismo a única possibilidade. Aumentando chances de efeitos indesejáveis da boa intenção. Desconheço radicalismo ótimo ou justo.
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