segunda-feira, julho 23, 2012

Outros conflitos, além de com indústria de medicamentos


No início desta semana recebi convite para conferência em São Paulo. Convite nominal. Assinado por "Conference Manager, Latin America". O site do instituto é muito bacana. Estava no convite:

"Creio que sua expertise e experiência serão de grande relevância para os participantes do evento!"

"Será uma honra contar com a sua valiosa contribuição"

Isto abaixo achei estranho, pois normalmente como organizadores de evento selecionamos não somente os palestrantes, mas também os temas:

"Encaminho arquivo com sugestões de palestras que pretendemos abordar, sinta-se à vontade para optar por algum tema sugerido, assim como indicar outro assunto que não consta na grade de palestras e que gostaria de apresentar nesta conferência. Caso não possa comparecer ou não seja a pessoa da empresa responsável por este assunto, agradeço indicação do profissional para verificar interesse de palestrar".

Acenei com o interessa em participar. Realmente fiquei feliz com a oportunidade. Me identifiquei com o tema central do evento.

Eis que no segundo e-mail a tal Conference Manager responde deixando claro que não sabia direito quem eu era. "Qual empresa você representa mesmo?", entre outras perguntas que escancaravam que faltavam informações básicas. Respondi que era médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

"Muito obrigada pelo seu retorno. Mas o senhor trabalha em qual empresa? Peço desculpas, eu preciso saber antes para confirmar. Há algumas questões internas com a área de patrocínio"

"Eu preciso mencionar o nome, cargo e empresa a qual o palestrante pertence. A empresa é Medicina Hospitalar? Qual é a área de atuação?"

"Por favor, agradeço se puder indicar-me outros profissionais para avaliarem interesse de participarem como palestrantes dos seguintes setores:

OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE
SEGUROS SAÚDE
HOSPITAIS
LABORATÓRIOS

Quarta-feira, é o meu prazo para entregar um esboço deste projeto a coordenação".

Aí lembrei que em 2011 havia recebido material semelhante, e o localizei. A mesma pessoa havia enviado. Na época, fui convidado para palestrar em evento cujo tema central nada tinha a ver com minhas áreas de atuação ou interesse. Recusei o convite. Não dei muita bola.

Não recebi mais retorno deste convite de agora, tendo insistido que minha empresa era o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Estamos sendo incapazes de evoluir na questão dos conflitos de interesse com a indústria de medicamentos, e crescem outros conflitos corporativos. O que fazer? Está é nossa questão primordial - tratamento, não mais diagnóstico.

segunda-feira, julho 02, 2012

A delicada relação com a indústria farmacêutica

Leia aqui recente entrevista de Caio Rosenthal, conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), sobre Ética médica: a delicada relação com a indústria farmacêutica.

O CFM preparou uma resolução, há mais de um ano, colocando limites bem rígidos para a relação médicos e indústrias. Porque resolveu flexibilizá-las recentemente?

Não acredito que haja uma justificativa “oficial” para a referida flexibilização. Na minha avaliação, o CFM deveria rever suas posições, até porque o que se sabe é que os Conselhos Regionais não foram consultados previamente ao acordo CFM-Indústria. Este acordo veio de cima para baixo. A ética não pode, em nenhuma circunstância, ser flexibilizada. E é impossível negociar com a indústria farmacêutica limites materiais e financeiros. Assim como não existe meia gravidez, também não pode existir “meia ética”. 


[LEIA NA ÍNTEGRA]

domingo, julho 01, 2012

Antidepressivo bom pra cachorro!

Nos últimos anos, a indústria farmacêutica ganhou novos consumidores. Mais de 6,4 milhões de cachorros recebem remédios para tratar problemas de comportamento no Reino Unido, de acordo com o tabloide “The Sun”. Leia mais.

Em Campanha Alerta, eu já havia postado sobre conflitos de interesse em Medicina Veterinária.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...